Beliches Com Escorregadores

Os beliches trazem ótimas recordações da infância. Qual irmão dormia em cima, qual dormia embaixo. Quando os pais compravam o beliche, havia a ansiedade para ela ser entregue logo e montada.

Se a diferença de idade era razoável, por questão de segurança, o irmão mais velho dormia em cima. Havia uma parte do beliche chamada guarda, devia ser de anjo da guarda ou guarda-vidas. Ela evitava que quem dormisse em cima caísse, do outro lado, a parede fazia esse papel.

Para irmãos com pouca diferença de idade, os pais decidiam que haveria um revezamento, de tempos em tempos, o que dormia em cima passava a dormir embaixo e vice-versa. Com o tempo, por costume, esse revezamento podia até ser esquecido pelos irmãos.

Dormir em cima era mais arejado, uma visão privilegiada, não para assistir à televisão. A desvantagem ou trabalho era subir e descer todo dia. Às vezes, não se usava a escada para descer, descia-se pela cabeceira da cama mesmo, sem usar as escadas.

Quando a casa precisava ser pintada, e o beliche era montado no mesmo quarto dos pais, a cama dos pais virava rede de proteção para o filho que dormia em cima cair, depois de segurar na madeira e dar meia pirueta, caindo de costas na cama dos pais, claro, sem eles estarem dormindo na cama.  O outro jeito de descer com emoção era pela cabeceira do beliche, usando a de cima e de baixo como escada.

Na hora de dormir, o irmão que dormia em cima levantava o colchão para fazer careta para o irmão que dormia em baixo, depois, o irmão que estava embaixo cutucava o colchão do irmão que estava em cima, para se vingar, ou batia os pés no estrado ou na madeira de lado para devolver a trollagem, zoação.

Quando eram três irmãos, os dois mais novos usavam um cobertor para tampar a parte de baixo do beliche, para fingir que era um castelo, cabana ou uma barraca de acampamento. O irmão mais velho puxava o cobertor para acabar com a brincadeira.

O Beliche economizava espaço e podia facilmente se transformar em duas camas de solteiro. Muitos irmãos que aprontaram muito devem ter ficado, uns tempos, dormindo nas camas que foram separadas, deixaram de ser beliche.

Ficar em pé na cama de cima do beliche para tocar o teto, amarrar fio de varal para fazer um boneco de plástico escorregar até embaixo. O irmão que dormia embaixo entrava pelo vão da cabeceira do beliche, segurando e entrando com os pés. 

Quando os pais não estavam vendo, o beliche virava um trapézio. É fantástico lembrar do irmão, da irmã, de uma época sem preocupações, das brincadeiras e traquinagens no beliche, dá muita saudade, trapezistas amadores. Por sorte, ninguém quebrou nenhum osso do corpo.

Vendo esta foto do post, que fantástico deve ser poder descer do beliche pelo escorregador. Os irmãos e irmãs que dormem ou dormirão nesses beliches terão lembranças incríveis para se recordar.

Ter um dos principais brinquedos do playground no quarto. Descer pelo escorregador de cima do beliche, assim que acordar. Pode-se imaginar que não só quando acordarem, mas várias vezes ao dia e à noite. A escada será usada só para subir.


Os beliches são camas irmãs, ligadas por laços fraternos, mesmo separadas, elas sabem que nasceram para estar próximas.

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