Iniciou-se a olimpíada de provas do Enem (Exame Nacional
do Ensino Médio). Para alguns, além da maratona de provas, há uma maratona para
não chegar atrasado, mas sempre existem aqueles que, infelizmente, não chegam a
tempo. Neste ano, houve “Enemseiros” que tentaram passar entre as grades,
outros balançando os portões, alguns pulando muros, em puro desespero,
lembrando a queda de Saigon, no ex-Vietnã do Sul. São cenas tristes, de quem se
preparou, e perdeu a hora, por minutos e segundos. Candidatos chorando,
segurando as grades, transmitem uma sensação de perda terrível, resultando em
fotos que captam angústia e tristeza humana, o que as torna menos impactantes é
que não são fotos de guerra, talvez, da guerra da espécie humana contra o
tempo e o relógio. Haverá outros Enens, outras oportunidades. A confusão com o horário
oficial de Brasília causou atraso de alguns candidatos que que perderam a prova na região Norte do
Brasil. Uma atrasada desmaiou em frente ao local da prova, na Barra Funda, em
São Paulo. Há também os sádicos que ficam em frente aos portões, para
testemunhar esse momento dramático, houve um que levou até cerveja, para
assistir de camarote a desgraça alheia. Algumas fotos, que viraram memes, foram postadas, comparando
o aglomerado de candidatos esperando em frente aos portões com a série: The Walking Dead.
A caneta esferográfica de tinta preta feita de material transparente, quase esquecida nos dias de hoje, nunca foi tão
valorizada e inflacionada, chegou a ser vendida pelo triplo do preço das
papelarias, o medo de uma falhar deve ter feito muitos comprarem outra,
além disso, na pressa de chegar ao local, algumas canetas de tinta preta podem ter se
perdido pelo caminho, documentos também. Uma candidata esqueceu a caneta, ao buscá-la, quando
voltava, encontrou os portões fechados, um esquecimento que custou a prova do
Enem desse ano. Houve quem chegou na hora certa, com caneta, mas esqueceu
de levar um documento com foto. No caso do Enem, pequenos detalhes como uma
caneta preta, um documento com foto, um minuto perdido, por um esquecimento,
podem custar a prova e pôr a perder todo o tempo dedicado à preparação para a prova do Enem, ao
estudo. Depois de responder às perguntas, preencher o cartão de respostas, que
leva cerca de 20 minutos, vem aquela sensação de dever cumprido ou, fiz o
melhor que pude, se não for suficiente, farei melhor ainda, ano que vem, resta
voltar para casa e ver a repercussão das questões na internet e redes sociais. Os
gabaritos e correções extraoficiais feitos pelos professores de cursinhos são aquele momento que
muitos descobrem que escolheram a alternativa errada, questionando-se por que
não escolheram aquela que pensavam ser a correta. Apesar dos esquecimentos,
contratempos e erros, fica o exemplo da dedicação, que nos faz sentir muito
orgulho, como o da costureira Ivani Conceição Silva, 70 anos, que sonha cursar
psicologia, é a terceira tentativa dela e ela disse: “não vou desistir”.
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