Essa tirinha tornou-se um viral, eu já a vi em vários
lugares, inclusive, na minha timeline. Muitas brincadeiras de antigamente foram
desaparecendo com o passar do tempo ou não têm mais o mesmo sucesso de
antigamente. Não resta dúvida que a tecnologia acelerou esse processo de “esquecimento” das brincadeiras de rua.
Bolinha de gude, peão, pular amarelinha,
perna de pau, soltar pipa, carrinho de rolimã, jogo de taco com latinhas, etc. Alguns vestígios dessas brincadeiras ainda
podem ser vistos, com muita nostalgia. As brincadeiras que passavam de geração
para geração foram se enfraquecendo. Esse processo começou com o rádio e
televisão, mas a televisão, sem dúvida, diminuiu o tempo das brincadeiras de
rua, trazendo diversão, desenhos
animados, tudo sem sair de casa. Apesar do tempo diminuído, as brincadeiras
conviviam com a televisão, até que chegaram os fliperamas e máquinas com ficha
trazendo os fantásticos videogames: Invasores do Espaço e Pac-Man, entre
outros. Nos anos 80, o console da Atari
chegou com um estrondoso sucesso, sim, havia os consoles concorrentes, mas o da
Atari foi bombástico, e os títulos dos jogos, que eram chamados popularmente de
cartuchos, podiam ser emprestados para os amigos, assim, todos jogavam jogos
diferentes, sem ter que comprar outro cartucho. Esse foi o fim do lucro das
máquinas de videogame que usavam ficha. Comprando o console da Atari, todos
podiam jogar de graça, em casa, pelo tempo que quisessem, exibir os recordes e tentar “zerar” o
jogo. Como não havia como “printar”
(usar o Print Screen para capturar a tela, claro, era uma televisão), só havia
duas maneiras de exibir os recordes: tirar uma foto da televisão, para quem
tivesse uma câmera com filme, ainda assim, teria que esperar a revelação, a
menos que fosse uma Polaroid, ou chamar seu amigo para ir a sua casa e exibir o
placar do videogame para ele. Desde então, os consoles de videogames e os
títulos de jogos não pararam mais, com gráficos incríveis e lançamentos hollywoodianos.
Os orçamentos para desenvolver os videogames e lançá-los têm cifras
inacreditáveis. Esse impacto nas brincadeiras de rua foi se intensificando com
o passar dos anos, o desinteresse foi se instalando, e as brincadeiras de rua
foram deixando de ser passadas para as
gerações seguintes. Chegaram o computador e a internet, os jogos on-line, vieram
os smartphones, celulares, dispositivos móveis de última geração trazendo apps
com fantásticos joguinhos viciantes. Há
uma infinidade de jogos on-line, é o que
todos querem jogar, procurar o joguinho mais viciante do momento. As
brincadeiras de rua foram se perdendo no tempo, raramente são vistas, soltar
pipa, ainda é vista, mas, infelizmente,
muitos usam o cerol (linha cortante), não é de hoje, o cerol já causou muitas vítimas fatais,
forçando os motoboys, ou qualquer um que não queira ser degolado, enquanto
pilota uma motocicleta, a instalarem uma antena aparadora na moto. Não resta
dúvida que as pipas vêm diminuindo, décadas atrás, no período de férias
escolares, os fios da rede elétrica ficavam coalhados de pipas ou papagaios
enroscados. Durante um trajeto de ônibus, era comum ver as carcaças das pipas
enroscadas na fiação, ficavam lá por anos, vareta de bambu, linha e plástico
demoravam a desparecer. Será que a
famosa linha 10 está sendo substituída pelo pau ou bastão de selfie, a pipa
raia pelo celular. Recentemente, uma famosa fabricante de celulares e
smartphones anunciou um aparelho com câmera
de cinco megapixels e amplitude de ângulo de 85º, com o modo panorâmico do
programa de fotos selecionado, essa amplitude pode chegar a 120º, dispensando o
bastão ou pau de selfie. Ao menos, é uma alternativa para quem não quer aderir a
essa moda. O diretor de Produtos Mobile
da famosa marca disse em tom de brincadeira: "É o fim do pau de
selfie". Só o futuro dirá se isso será uma paulada no pau de selfie. Se imaginarmos um sábio descendo da montanha,
e se ele quiser compartilhar o
conhecimento, as pessoas prestariam mais
atenção nele, ao vê-lo carregando um cajado com um celular amarrado na ponta, o cajado de selfie, só usado por sábios. Pode
ser que, em 2040, talvez, antes, seja acrescentado um terceiro quadrinho a essa
tirinha do post, o moleque com um controle remoto na mão, olhando para um drone
que paira acima dele. Os drones estão
cada vez menores e com preços mais acessíveis. O lado ruim é que os drones poderiam ser usados uns contra os
outros, adaptados com algo para tentar derrubar ou avariar um ao outro, assim
como a terrível ideia do cerol foi usada na linha de pipa. Isso talvez não
aconteça, se simuladores, realidade
virtual, holografia fizeram a “brincadeira” drones de rua, ou melhor, de céu,
cair no esquecimento ou nem virar moda. Toda invenção é usada para o bem ou para
o mal, ela é um instrumento na mão da natureza humana.
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