Essa parece ser a poltrona fantasma, amorfa, disforme,
desconstruída, fantasmagórica. Realmente, muito original, lembra também um
mini-iceberg de água cristalina, congelada. Lembra até mesmo uma poltrona que
foi coberta por um manto de invisibilidade, que estava tornando invisível só 70
por cento do que cobria. Parece também o resultado de uma poltrona feita por um
soprador de vidro, seguindo orientações do pintor surrealista Salvador Dalí. Essa poltrona seria perfeita para apreciar a pintura de Dalí, chamada: "A Persistência da Memória", aquela pintura, onde aparem os relógios derretendo, a poltrona também parece estar se derretendo. Alguém
que se depare com essa poltrona, se ela estiver colocada na penumbra, vai levar um pequeno tempo para entender, talvez, um pequeno susto, podendo
até confundi-la com a bolha assassina. Poltronas e cadeiras existem em vários materiais. Essa poltrona da foto não é uma poltrona nada ergonômica, lembra mais um híbrido de puff com poltrona. Uma escultura
de poltrona inacabada. Não seria
exagero chamá-la de poltrona água viva. Essa poltrona, ou seria puff, parece mesmo um monte de
plástico enrolado. Apesar de a forma
sugerir uma plasticidade, parece uma
grande prótese de silicone disforme, a
mulher, sentada na poltrona, não parece muito confortável. Não é uma
poltrona para relaxar, muito menos um divã. Parecem ser duas poltronas
diferentes a julgar pela diferença do descanso de braço entre a primeira e a
segunda foto ou a poltrona se deforma, quando alguém senta nela, até certo
ponto. Antes que me perguntem, eu não faço a mínima ideia de onde ela pode ser
comprada. Como ela perece estar se materializando, indefinidamente, sem nunca
fazê-lo, poderíamos ficar na dúvida do que ela realmente se tornará, mesmo
nunca se tornando. Puff ou poltrona. Puffergeist não daria um trocadilho tão
bom, mistura de puff com poltergeist.
Ela talvez não seja o tipo de poltrona ou puff para se sentar e relaxar,
está mais para uma poltrona onde os pensamentos se dissolvem em dúvidas. Ela também demonstra como o
design é importante, a poltrona passa uma impressão perturbadora, de
instabilidade. A sensação que passa é a de que a mulher não deveria estar
sentada nessa poltrona, quem deveria é aquele personagem da tela: “O Grito”, de Edvard
Munch, pintor, gravador norueguês, e um dos expoentes do expressionismo, movimento artístico surgido no
término século XIX e início do século XX. Uma mulher linda sentada numa
poltrona angustiante. É verdade que poderíamos pensar na cena da foto como
sendo uma mulher sentada numa poltrona surrealista e onírica, relativa aos
sonhos. Se a cena da mulher sentada na poltrona fosse uma pintura, eu a
chamaria de “Mulher Sentada na Poltrona Angustiante”. A poltrona gasparzinho é diferente, não resta dúvida. Poltrona ectoplásmica seria um
bom nome, aliás, essa poltrona combina muito mais com o Geleia dos
Caça-Fantasmas, do que com a mulher linda que está sentada nela. A boneca Annabella, do filme de terror, diria
ou pensaria que essa cadeira foi feita para ela, embora ela prefira a cadeira de balanço. O mais importante é que gosto
não se discute, e cada um tem o seu gosto particular. O bom e o mau gosto são subjetivos. Apesar de eu gostar muito de filmes de terror, eu preferiria aquelas poltronas futuristas
dos anos 60, que hoje são retrôs.
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