Esse é o excelente trabalho do cartunista e ilustrador, Tom
Gauld, http://www.tomgauld.com/, que
mora e trabalha em Londres. Ele sintetiza com perfeição o medo de rejeição do
escritor em relação à reação dos leitores. De um modo geral, qualquer pessoa
que escreva, para qualquer mídia, pode ter seus momentos de hesitação, o que
não pode faltar é a coragem para postar. Blogueiros, redatores, colunistas,
articulistas, enfim, os geradores de conteúdo e, no outro lado da tela, papel
ou monitor, os internautas, leitores, visitantes, recorrentes ou não, seguidores
do nosso trabalho. Se fosse para ninguém ler, seríamos escritores de gaveta,
uma expressão antiga, hoje, seria escritores de pasta de desktop, para quem
escreve, salva numa pasta, mas nunca pretende publicar ou postar os artigos.
Muitos textos fantásticos devem estar nessas condições, guardados em pastas.
Vem um impulso kafkiano para pedir, algum dia, para algum amigo “queimar”
(deletar) esses “manuscritos” ou seria melhor dizer “digitiscritos” escritos
digitados incompletos ou que o autor não gostou. Para quem tem medo de postar o que escreve, saiba
que alguns não vão mesmo gostar do que você escreve, por diversas razões, que
só fazem sentido para a pessoa que não gostou mesmo, é um direito dela. Muitos
vão gostar do que você escreve, mas você nem ficará sabendo, bom,
indiretamente, pelas métricas do Google Analytics , você sabe que tem
visitantes recorrentes no seu blog, pessoas que acompanham, gostam do seu trabalho e voltam. Há aqueles que vão
elogiar seu trabalho, publicamente, por um comentário público ou, de modo
particular, mandando um e-mail. Claro, existem os famosos trolls, eles zoarão
seu trabalho, não importa o quanto seja bom, quando você se irrita e responde a
eles, você faz exatamente o que eles querem, pois eles têm certeza que conseguiram
chamar sua atenção. Eu sei que falar é fácil, não ligar que é difícil. Existem
pessoas que farão críticas destrutivas mesmo, elas só se sentem bem, quando
elas tentam fazer alguém se sentir mal. Ainda terá quem por inveja ou outra
motivação maldosa tentará sabotar seu trabalho. Comigo já foram três as tentativas,
a resposta é continuar postando. A
inveja é aquilo mesmo que você está pensando e fede... Se você escreveu um post
com sinceridade, vontade, empenho, pessoas gostarão de lê-lo. Elas podem até
discordar do seu ponto de vista, mas elas o respeitarão. O que é engraçado para
você, pode não ser para outra pessoa. A inspiração é outro problema, há quem
deixe de postar por um tempo, pois a inspiração parece que tirou férias. A inspiração é parecida com a insônia, se
você se preocupar muito por que não está conseguindo dormir, parece que o sono
não vem mesmo, a mesma coisa é a
inspiração. Se você escrever pensando nos leitores ou visitantes do blog, corre
o risco de ver sua originalidade se diluir na tentativa de agradar aos
leitores, visitantes. Blogar sob encomenda, com o objetivo de agradar, é um
grande perigo. Creio que o visitante gosta mais de saber se ele concorda ou
discorda do nosso ponto de vista, o que pensamos sobre determinado assunto, se
sabemos expô-lo de um modo só nosso, até irônico, quão originais estamos sendo, eles querem ser
surpreendidos, não chocados nem espantados. Quando eles acompanham nosso trabalho há muito
tempo, eles até sabem quando não escrevemos um post tão bom, isso acontece,
sabem que, em breve, melhoraremos, voltaremos a média do blog. O Blogueiro acaba
desenvolvendo esse feeling, se ele é perfeccionista demais, acaba sofrendo
mais, exigindo mais de si mesmo, isso faz parte da evolução, saber, se estamos
exigindo muito de nós mesmos, é outro problema.
Eu fiz o melhor que pude, mas sinto que o post não foi aquela explosão
de sabor impactante, outros, eu sinto que fui bem mesmo. Todo blogueiro ou
blogueira já deve ter sentido isso. O
mais interessante é que a postagem pode ser modificada depois, corrigida,
atualizada, até mesmo deletada ou excluída. Jornalistas e jornais consagrados erram, nós,
blogueiros e blogueiras, erramos e erraremos, esse medo de errar pode bloquear.
Todos vão cometer um deslize, um erro ortográfico, é só uma questão de tempo,
felizmente, esse erro pode ser consertado. Nessa tirinha, na tradução, eu
precisei sacrificar a regência de “certeza” sacrificando o “de”. Optei em usar
ISSO como uma informação que já tinha sido pensada pela personagem, não para
localizar algo no espaço. Cada um tem seu próprio método para escrever. Eu sou um desenhista que escreve, não o contrário. Eu
parto sempre de uma foto, desenho, charge, cartum, tirinha, o meu processo é
muito visual. Por vezes, eu faço um esboço rápido da foto num papel sulfite,
para poder escrever sem estar em frente ao computador, quando passo do papel
para a digitação, se me ocorrer algo novo, enquanto estou digitando, eu acrescento, às
vezes, escrevo direto no próprio “corpo” da postagem, na área do post ou digito
no Word, depois copio e colo, claro, o que eu mesmo escrevo, no corpo da postagem, durante esse processo,
pode haver alteração, durante a revisão ou primeira leitura. Até mesmo depois
que foi postado, se é para ficar melhor, sempre convém modificar e acrescentar. Fazer exatamente a mesma coisa, do mesmo
modo, para mim, é o cemitério da existência. Aparentemente, até pode existir
uma rotina, muitos convivem muito bem com ela, até gostam dela, não vivem sem
ela. Geralmente, vamos acordar no mesmo lugar, fazer as mesmas coisas, o que
não impede de se fazer as mesmas coisas de um modo diferente, num horário
diferente. Ruim é quando se diz: “Isso é chato demais”; “Isso não faz o menor
sentido”; Tédio, de vez em quando, incomoda muita gente. Tédio, todo dia,
incomoda muito mais... Os Blogs também morrem, não sei a estatística
exata, mas muitos já foram abandonados, alguns estão hibernando ou estado
latente. Um blog só morre se a conta for
deletada ou se o blogueiro morrer. Por vezes,
por diversos motivos, o blog fica em pausa. O blogueiro perde a
motivação, aquela força motriz que o impulsiona a seguir em frente, a fazer
novas postagens. Sempre é possível se redimir. Por fim, se hesitar em postar,
pensando se vão ou não gostar do post, é
melhor não ser blogueiro,você tornará algo que era para ser bom numa tortura
cheia de dúvidas e sofrimentos. Isso poderia até gerar um título para um Blog,
“O Blogueiro kafkiano”. Uma pessoa que escreveu muitos artigos ou posts, mas,
julgando-os incompletos, inacabados, não postou nenhum, sabendo que ia morrer,
pediu para a amiga deletar os posts, mas a amiga decidi fazer um blog e postar
os artigos. Quem já não viu um post horrendamente escrito, repleto de erros gramaticais, quase 100 por cento em “internetês” , abreviações e gírias que você
nem faz ideia do que significam. Você pensa: “Como alguém teve coragem de
postar isso”. A resposta já está na pergunta. Ele teve a coragem, que você não
teve... Os escritores de pasta de desktop deviam postar, eles não têm nada a
perder. Saber que, de qualquer forma, pessoas não gostarão do que você escreve,
por si só, já é motivacional para postar. Tal como aquela tradução tosca: Os
“odiadores” vão odiar...
Comentários