Arte Na Areia Da Praia

        Essa fantástica intervenção praiana, feita na areia da praia, na Nova Zelândia, impressiona. A arte na areia, assim como a escultura na areia, é muito efêmera, elas já nascem com os dias contados, felizmente, elas podem ser capturadas por uma foto, ficando para a posteridade. Os desenhos na areia foram feitos com a técnica da anamorfose, as figuras são desenhadas distorcidas, “esticadas”, somente sob um determinado ponto de vista,  o efeito de perspectiva em três dimensões, isto é, o efeito da anamorfose, a ilusão de ótica, é percebido. Nessa ilusão de ótica, pode-se dizer, desenhamos intencionalmente algo fora de proporção para que possa ser visto, proporcionalmente, num certo ponto de vista do observador. Se ela não fosse aplicada nas pinturas de afrescos nos tetos de cúpulas, os observadores que a olhassem, de baixo para cima,  notariam que as figuras estariam desproporcionais. Em outras palavras, tentando resumir, de modo simples: desenhar propositalmente “errado” para poder ser visto  certo. O píer, onde a mulher finge pescar, poderia ter um peixe desenhado na areia.  O barco a vela "navegando" na areia, a lancha e o esqui aquático. Diferentemente de quando se aprende alguns movimentos e procedimentos em terra firme, para depois partir para a prática na água. Essa cena de lazer que seria praticada na água, acontece em plena areia da praia. O deslocamento da água, causado pelo pela lancha, os reflexos e ondulações, ajudam na ilusão do mar de areia, a sombra embaixo do píer. Por alguns instantes, esse desenho na praia roubou a cena da beleza da imensidão do mar. Num mundo com tanta tecnologia, onde o sonho de projeção holográfica para uso comerciais é perseguido, a realidade das Tvs e monitores 3-D com ajuda de óculos, a anamorfose, já conhecida e aplicada em 1500, continua fascinando, aquelas pintadas nas calçadas são fantásticas. Alguns historiadores de arte afirmam que a técnica da anamorfose é ainda mais antiga, teria sido aplicada nas pinturas rupestres  da Caverna de Lascaux. Isso faz muito sentido, o pintor pré-histórico deve ter percebido que o que havia representado proporcionalmente, visto a certa distância, estava diferente. Ele deve ter se aproximado e se afastado várias vezes, tentando compreender, intuitivamente, deve ter percebido que se pintasse a figura distorcida, ela pareceria certa quando vista de determinado ponto de vista. É totalmente possível que vendo a figura tornar-se diferente, desproporcional, à medida que se afastava, ele tenha percebido que a fazendo distorcida de perto,  ela poderia ser vista proporcionalmente a certa distância e ângulo.  De qualquer forma, é impossível saber o que se passava na mente do artista pré-histórico e contemporâneos, o que se poderia dizer é que ele usou muito o hemisfério direito do cérebro e a intuição.  Com relação à foto do post, pensei um título alternativo: Anamorfose Na Formosa Praia. Seria muito bom ver essa arte ao vivo, infelizmente, ela não existe mais.

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