A sala de estar e de sentar pode estar num
lugar inacreditável, nesse caso, em plena avenida. Os pedestres estão na faixa
de pedestres, sentados como se estivessem na casa deles. A ideia de relaxar no trânsito foi levada ao pé da
letra. Difícil é contextualizar essa imagem que, segundo consta, veio das
Filipinas. Ou as pessoas estão indo para o trabalho, ou voltando do trabalho
para casa nesse hiato chamado trajeto de ida e volta. No caso da volta para casa,
tudo que as pessoas querem é retornar para casa, sentar no sofá, ver um pouco
de TV, que já foi substituída pelo computador. Essa imagem da sala de estar
surrealmente no meio trânsito representa o pensamento de todos que estão voltando
para casa, esse desejo tão simples e cotidiano: Voltar para casa, depois de
pegar um congestionamento, relaxar no sofá. Traz à lembrança que a rua ou o
espaço público que convivemos e compartilhamos pode ser imaginado como sendo
uma extensão do lar e deveria ser tratado com o mesmo respeito com o qual
tratamos nosso lar. Eu sei que parece clichê, mas jogar papel de bala no chão ou qualquer
embalagem é feio. A desculpa de que as pessoas fazem isso, jogar papel no chão, para assegurar que os garis tenham emprego caiu por terra, seria o mesmo que morrer de propósito, suicidar-se, para que os agentes funerários não percam o emprego, essa desculpa não cola. O grande paradoxo é que todos usam o mesmo espaço comum, mas
ninguém pensa muito no que pode fazer para mantê-lo limpo. Esses metros quadrados que parecem que não
são de ninguém, mas, ao mesmo, parecem que são de todos. Se a relação metros
quadrados por habitante de cidades fosse especificada, individualizada, por
exemplo, tantos metros quadrados seriam de responsabilidade de determinada
pessoa, assim como as residências têm proprietários, cada um se sentiria mais
responsável por onde andasse e cuidaria mais. Em contrapartida, a pessoa
receberia de volta, a parte do imposto, seria uma troca justa. O que se vê, em muitas cidades, é o IPTU em dia e os buracos por toda parte. Talvez,
haveria menos corrupção, e o dinheiro seria mais bem aplicado. Claro que eu
exagerei na individualização, mas se cada bairro virasse uma microprefeitura
com todos fiscalizando os gastos, tudo seria mais transparente. Cada pessoa
poderia ser responsável por adotar um animal de rua, plantar uma árvore, poderia constar o nome e
sobrenome de quem plantou, para que no futuro pessoas soubessem que alguém
deixou um legado verde. Sim, já existem
pessoas fazendo isso, anônimas, elas não se importam caso ninguém saiba que elas fizeram algo. Existem pessoas que
chegam discretamente, fazem a parte delas e somem. Infelizmente, a quantidade
dessas pessoas é muito pequena, essas mudanças passam quase despercebidas num
oceano de desgraças, criminalidade, corrupção, roubos. Um pessimismo para se
instalar como um terror silencioso. A impressão que se tem é que há um oceano
de pessimismo, mas, de repente, ilhas de otimismo são avistadas ao longe. Há quem diga que qualquer sistema
político criado pelo ser humano está fadado ao fracasso, aliás, os pessimistas
dirão que qualquer sistema, basta ter a mão do ser humano no meio. De todos, eu acredito que a democracia é o melhor,
os pessimistas dirão que é o menos ruim. Dirão que pode ser a maioria
escolhendo uma porcaria. Ainda assim, teremos a oportunidade de escolher outro
governo, o que não ocorre na ditadura. Dirão também que somos ingênuos, achando
que vivemos numa democracia plena. Talvez, um novo sistema utópico surja, com certeza,
ele terá tudo a ver com a internet, será fomentando na rede, um efeito trololó
viral revolucionário que trará uma mudança nunca antes vista, com pessoas que
farão a diferença e mudarão o mundo, enquanto isso não acontece, graças a Deus pela
democracia existir, e ditadura: NUNCA MAIS!. Só para encerrar, essa foto do post é bem surreal, por isso eu
achei interessante. Não custa lembrar: Pedestre, atravesse na faixa. Lembre-se de não jogar papel
no chão, imagine que não jogaria papel no chão da sua casa. Pense no espaço
público como sendo extensão da sua casa, mas não precisa exagerar, como no caso
da foto do post.
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