Dependendo da perspectiva ou ponto de vista, tudo pode
mudar. Para alguém que esteja em terra firme, uma embarcação sempre é uma
possibilidade de sair da ilha, claro, desde que seja grande e tenha autonomia,
por exemplo, um navio. Para um náufrago num bote salva-vidas, uma pequena ilha,
terra firme, traz a possibilidade de sobreviver. Qual seria o desfecho desse cartum?. Os dois
ficariam na ilha ou entrariam no bote salva-vidas?. Histórias de náufragos são
famosas, mas uma das mais famosas aconteceu com o oficial de inteligência do
Exército Imperial japonês, Hiroo Onoda.
Ele não foi um náufrago, mas fora enviado para a ilha de Lubang, nas Filipinas, durante a Segunda Guerra Mundial, incumbido de proteger o
local e não se render em hipótese alguma, acreditando que a Segunda Guerra não
tinha acabado, até 1960, e, posteriormente, desconfiando que o fim da Segunda
Guerra fosse uma armação dos Estados Unidos, até 1974, Mundial, Hiroo Onoda
passou quase trinta anos na ilha, lutando uma guerra imaginária. As tentativas
de convencê-lo de que tudo acabara falharam, panfletos foram jogados sobre a
ilha, mas, como um oficial da inteligência, Hiroo certamente pensou tratar-se
de contrainformação dos Aliados. Era prática comum o lançamento de panfletos,
durante a segunda guerra, para confundir os inimigos e tentar a simpatia da
população civil. Expedições japonesas foram enviadas a ilha para localizar e
resgatar Hiroo, sem sucesso. O estudante
Norio Suzuki, esteve na ilha, em 1960, ao saber da história, aventurou-se pela
selva, conseguiu fazer contato visual com Hiroo, este aceitou conversar com seu
conterrâneo japonês, porém só aceitaria largar as armas perante uma ordem expressa, vinda diretamente do Exército Imperial Japonês, nem mesmo a vinda dos pais de Hiroo,
que o julgavam morto em combate ou desaparecido, convenceram-no. Hiroo acreditava que as
tentativas, inclusive as de seus pais, eram uma armação dos Estados Unidos que
estavam forçando as pessoas a tentarem convencê-lo a se render. Expedições japonesas foram enviadas a ilha
para localizar e resgatar Hiroo, sem sucesso. Só com a vinda de seu antigo superior
à ilha, o major Yoshimi Taniguchi, em
1974, Hiroo acatou a ordem e depôs ar armas. Hiroo Onoda não só foi uma ilha (coberto de desconfiança por todos os lados),
na própria ilha, com sua obstinação em sobreviver e servir ao país dele o levou a resistir por
quase trinta anos, suportando as pressões de uma guerra fantasma, e de uma
invasão iminente, desconfiando de tudo e todos. Hiroo Onoda faleceu aos 91
anos, em Tóquio, no dia 17 de Janeiro de 2014. Como em toda guerra, a verdade é
a primeira vítima, confirmar e checar oficialmente a fonte da informação foi primordial,
no caso de Hiroo Onoda, e essa confirmação e checagem só ocorreu quase trinta anos depois, quando ele deveria ter sido informado logo após o fim de guerra.
Certamente, foi uma das mais demoradas rendição e resistência da história.
Comentários