Numa jogada de marketing tão espetacular quanto o
Homem-Aranha, em 5 de junho de 1987, a Marvel promoveu o casamento de Peter
Parker e Mary Jane Watson, unidos pelas grudentas teias do matrimônio, com atores de carne e osso representado os
noivos. O local do enlace matrimonial foi no estádio de beisebol dos New York Mets, cerca de 45 mil pessoas
foram testemunhas do casamento, e muitos sortudos ganharam a edição especial da
HG, claro, além do casamento, os torcedores testemunhas também assistiram ao jogo
do time casa contra o Pittsburgh Pirates. A promoção da revista em quadrinhos
que seria lançada na terça-feira seguinte, o casamento foi na sexta-feira, foi um sucesso . A ideia inovadora da Marvel
resultou na cobertura da mídia televisiva, CBS, ABC, assim como na mídia
impressa com destaque para uma resenha
feita pelo famoso jornal New York Times.
Se você pensa que a ideia de Stan Lee de fazer uma ponta ou aparição especial
nos filmes do Homem-Aranha é recente, adivinhe quem foi o Padre que celebrou a cerimônia
religiosa fake, em 1987, sim, o Padre Stan Lee. Eu acho as aparições do Stan Lee à Alfred
Hitchcock bem criativas. Não podemos esquecer que estamos falando do ano de
1987, a originalidade, ousadia e pioneirismo na maneira de promover um produto,
quero dizer, um super-herói foi um marco na história. Houve um seriado do
Homem-Aranha na televisão, obviamente, se comparado com os atuais filmes da franquia
do Homem-Aranha, esse antigo seriado parecia mais um pai que se fantasiou de
Homem-Aranha para alegrar a festa de aniversário do filho, mas quando você é
criança não repara muito nessas limitações. Como o advento da computação
gráfica foi outra história, a franquia foi um retumbante sucesso. É verdade que um roteiro primoroso e uma boa
escolha do casting faz toda a diferença, mas, sem a computação gráfica, a
“veracidade” das façanhas e saltos entre arranha-céus, lançamento de teias
convincentes, não seriam possíveis. Só
para comparar, quando o Homem-Aranha lançava a teia, no seriado antigo,
comparando hoje, parecia que ele estava soltando uma tarrafa de pescaria. A
computação gráfica foi imprescindível para a adaptação das HQs para o cinema.
Não só o Homem-Aranha sofreu com essa limitação dos efeitos especiais da época, o Capitão América também. O Incrível Hulk conseguiu se dar bem no antigo seriado, graças ao ator e ex-fisiculturista Lou Ferrigno e àquela impressionante tinta verde, muitas crianças tinham medo do Hulk. O baixo orçamento prejudicou também os desenhos animados, os desenhos do Hulk, Thor, Capitão America, os mais antigos, feitos com animação em muito menos quadros por segundo, 24 quadros por segundo seria o suficiente, mas a utilização de poucos quadros por segundo fez o desenho animado ficar quase estático, mas mesmo assim era muito divertido. Penso que a verdadeira razão para o fracasso de muitas adaptações de super-heróis para o cinema foi o
baixo orçamento que resultavam em péssimos ou ausentes efeitos visuais. Para justificar isso, basta lembrar da franquia do antigo e com mais orçamento Super-Homem, protagonizada pelo falecido ator Christopher
Reeve, tinha excelentes e convincentes efeitos especiais, para a época (na época não se
chamava computação gráfica). Num filme antigo do Capitão América, com baixo
orçamento, que eu assisti, quando ele jogava o escudo parecia que estava
jogando um frisbee na praia, diferente de hoje. Não podemos esquecer que o que já foi considerado tosco e cafona, era
motivo de alegria e divertimento, sem generalizar, hoje pode ser chamado de
Cult. Voltando ao escalador de paredes, Homem-Aranha, como vemos na ilustração, Mary Jane não
precisa comprar varal de roupa no supermercado, outra atitude justa e a divisão das tarefas
domésticas. Depois de combater os criminosos, aguentar um chefe
chato, trabalhar como fotógrafo do Clarim Diário, Peter Parker lava a própria
roupa e a pendura na própria teia. Pensando bem, a Marvel poderia ter sido
ainda mais ousada, além da divulgação do casamento, poderia ser sido feita,
antes, uma divulgação da “bachelor party”, isto é, da despedida de solteiro de Peter
Parker.
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