Primeiro foi o rádio a reinar soberano nos lares. Quando
surgiu a televisão, dizia-se que ela acabaria, mataria o rádio. Não foi o que
aconteceu, o rádio não sofreu uma morte súbita, houve uma coexistência, mas com
uma considerável predominância da televisão, pelo menos, nas grandes cidades. O
rádio resistiu, e ainda resiste, bravamente, no interior e áreas mais isoladas.
O rádio não morreu, por isso não se pode falar de rei morto. A rainha televisão
chegou com o encanto dela, os súditos passaram, rapidamente, de ouvintes para telespectadores. Ela reinava na sala, cozinha e quarto, houve quem tentou até
assisti-la dentro do banheiro. O rádio sofreu um ostracismo, sobrevivendo “embutido”
nos aparelhos 3x1, e nos fiéis ouvintes que apesar de recém-espectadores ,
jamais deixaram de ser ouvintes. O rádio lutou bravamente, viu o toca-discos
(pick-up) e o toca-fitas (cassete) desaparecerem, os DJs dirão que pick-ups ainda existem, eu concordo com eles, mas me refiro ao público em geral. Voltando ao rádio, ele continuou presente nos
Players com CD. Até tentou uma dupla improvável com a tv, mini-tv com rádio
AM/FM. Nessa mini-parceria, o rádio ficou em desvantagem e esquecido. Quando o
reinado da televisão parecia consolidado, inabalável, permanente, surge o
computador Desktop. Os computadores usaram a tática da infiltração, lentamente,
aos poucos, no início custavam muito caro. A grande rede começou a se popularizar, o boom
da internet e dos WWW, a inclusão digital, os parcelamentos, o barateamento do
computador. A televisão fez
propaganda do computador, o computador
usou o próprio inimigo, a televisão, para se propagar. Uma novidade indispensável ao trabalho e ao
entretenimento. Sim, a internet era discada, lenta, a única disponível. O vídeo "picotava", era lento para carregar, mas, depois que carregava, nossa!. Estou
vendo um clipe da minha banda preferida, e não é na MTV, não é por acaso ou
sorte. Eu escolhi assisti-lo. “Eu escolho o que e quando assistir!”. Essa foi a
revolução e o poder que o recém-internauta. Veio a banda-larga, pronto!. Aquela sedução da televisão que, na verdade,
era uma autocracia, onde a única liberdade era mudar de canal, ficou evidente,
de repente, a televisão parecia uma tirana que vomitava na cara do espectador
passivo, tudo que ela queria. O poder de influência e manipulação da televisão,
da mídia, foi reduzido drasticamente. O computador e suas muitas manifestações,
que são os dispositivos móveis de última geração, ganharam a guerra com uma
tática inédita, "assimilaram" os inimigos, convergência digital, hoje, pode-se
tanto ter uma rádio digital como assistir televisão pelo computador. A
televisão parece emanar os últimos “suspiros”, últimos brilhos da aura dela.
Ela tenta resistir, digitalmente, com óculos 3-D, concedendo acesso às redes
sociais, à internet, tentando ser uma “irmã” mais velha legal do computador, até “fingindo”
ser um. Em se tratando de monitor e
óculos 3-D, alguns computadores já dispõem do mesmo recurso, não é uma arma
secreta da televisão, aliás, o cinema foi o primeiro a fazer experimentalismo
3-D. Eu não sou contra a televisão, não fui, eu também acreditava e gostava da
grande rainha, não existia coisa melhor, depois de se mudar de casa, quando
a televisão era ligada. Chegar da escola
e assistir a um seriado. Um grande amigo
meu resumiu bem, ele disse: “A sala sem televisão é um velório, um cemitério”. Como esquecer a era “romântica” dos desenhos
animados em casa, da sessão da tarde, dos filmes de madrugada, filmes de
terror, seriados. Quando o filme era bom demais, até se comentava na escola.
Essa era romântica ficará para sempre na memória de uma geração que assistia,
mas não interagia. Mesmo assim, o rock nacional era muito melhor do que hoje. O
mais irônico de tudo isso, quando você colocava a televisão analógica num canal
que não existia ou num canal que não sintonizava nenhuma emissora, na verdade, 1%
dos chuviscos e chiados da estática era, e é, radiação cósmica de fundo criada pelo Big
Bang, há cerca 13,7 mil milhões de anos. É o “ruído” ou “som” do Big Bang.
Nesse ponto, o rádio empatava com a televisão, sintonizando o rádio onde não existe estação transmissora, “escuta-se”
o “chiado” do Big Bang. Para os criacionistas, essa informação será
irrelevante. É direito de cada um ser criacionista ou evolucionista outro sistema de crença, todos devem ser respeitados. Para fechar o post, que já está longo, preciso
falar da figura. Pensar que hoje, como o infográfico mostra, muitas pessoas deixam
a televisão digital ligada, como barulho
ou ruído de fundo, enquanto navegam pela internet. Eu, particularmente, não
faço isso, prefiro ouvir o ladrar do cachorro misterioso ao longe, na
madrugada, nunca se consegue saber em qual quintal ele realmente está, mesmo
mudando de cidade, sempre há um ou mais. Esses cães latindo ao longe, são meu
barulho ou ruído de fundo preferidos. A
televisão, de analógica sintonizando o “som” da radiação de fundo do Big Bang à
digital, servindo de barulho ou ruído de fundo de alguma programação, enquanto alguém navega na internet, a
televisão perdeu a coroa e a majestade...
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