Controle Quase Remoto


       Ficar procurando o controle remoto é muito chato, ele parece que não quer ser incomodado, então, simplesmente, some.  Opções para achá-lo são várias, desde o vão do sofá, atrás do sofá, em outro cômodo da casa que você o deixou porque tinha que fazer algo lá e esqueceu de colocá-lo no lugar de sempre. Quanto mais pessoas usam o controle remoto, mais fácil é a probabilidade de não achá-lo. Quando cada um tem um “lugar de sempre”, que muda esporadicamente, então torna-se uma verdadeira caçada ao tesouro, sem mapa. Algumas vezes até parece que o controle remoto causou-se de ser apertado tanto, e quando ninguém está olhando, ele se arrasta, escondendo-se para ter um tempo de folga, nem o controle remoto parece aguentar a grade de programação da TV aberta. Não que se tenha preguiça de usar os botões no próprio televisor, mas é desaforo não encontrar o controle remoto. Quando a pilha fica fraca, mesmo sabendo que não vai adiantar, apertam-se os botões com mais força, e, numa atitude desesperada, chacoalha-se o controle remoto, é tarde da noite, e não é viável, nem seguro, sair atrás de pilhas. A TV, atualmente, tenta ficar amiga da internet, disponibilizar recursos da internet, acessíveis na TV. Foi dito, anos atrás, que a televisão iria acabar com o rádio, diz-se hoje que a internet está acabando com a TV, na verdade, o rádio e televisão foram  engolidos pela internet, ficando num canto, empoeirado no mundo virtual, (pode-se assistir TV aberta pela internet), como uma mídia ultrapassada, a TV e rádio foram assimiladas pela internet, é muito mais inteligente do que acabar com o rádio e TV. A TV não pode reclamar, ela fez a mesma coisa com o rádio, transformou ouvintes em telespectadores, agora, a internet transformou todos em internautas. Antigamente, era quase  certeza que algum amigo estaria naquele mesmo horário, assistindo ao mesmo seriado que nós ou ao mesmo filme. Podia-se até comentar na escola, sobre o filme, seriado, etc. Hoje quando imaginamos alguém do nosso convívio em casa, depois do trabalho, nós imaginamos a pessoa em frente ao computador, alguns jantam e dormem em frente ao computador, sem ter a mínima ideia do que a pessoa  está assistindo, ou  melhor, de qual site ela está acessando, podemos até chutar que esta numa rede social ou microblog. O grande fascínio da internet é a imersão na rede, você decidir o que vai ver, você faz sua grade com aquilo que gosta, interage, participa, ajuda decidir, comenta, sem contar a horda de desocupados trolladores que se dedicam a ser pentelhos virtuais.  Não tem como a televisão competir com isso, o máximo que ela pode fazer é ceder sua tela imensa, também transformar-se num tablet gigante seria uma outra opção. De expectadores passivos a internautas interativos, criamos nosso micromundo virtual que interage com outros micromundos virtuais, esses mundos interagem ou não, depende do nosso humor. Quem quiser pode ser um internauta náufrago, perdido no ciberespaço. Pode-se prestar atenção tanto na árvore como na floresta,  pode-se se perder nesta floresta, andar em círculos, encontrar cachoeiras, pode-se encontrar uma comunidade avançada, pode-se encontrar tribos desconhecidas. A sensação de imersão no mundo virtual, de interatividade, não se está somente vendo uma tela, um monitor, de alguma forma se está virtualmente dentro daquele mundo, o que também pode criar um conflito com a “realidade”.  Na televisão, acaba quando termina, na internet, acaba quando quisermos, esse poder de decidir, interagir fez a rede ser tão viciante, alucinante, tão necessária na vida profissional, e na particular. Seria um bom mote para um capítulo de Além da Imaginação, o ser humano tendo que lidar com dois tipos de realidade, qual seria a mais real, supondo que ele escolhesse a virtual, muitos já optaram por essa virtual, fazendo pequenas incursões no mundo que era conhecido como real. Antes mesmo da internet, e ainda hoje, o conceito de “realidade” é debatido. Recentemente cientistas alemães aventaram a possibilidade de esta realidade do nosso dia a dia ser uma simulação de supercomputares de alguma civilização superavançada, resta a eles provarem a teoria, mostrar-nos a realidade de fora da realidade, comprovar a teoria da simulação, a qual deverá ser reproduzida em vários laboratórios de física avançada, torcemos, claro, para que eles estejam totalmente e literalmente viajando, e que isto seja só mais uma ideia para um filme de ficção científica. O que me preocupa é o que existe nas 10 ou 11 dimensões ocultas do universo, não que eu perca o sono por isso, mas é algo impressionante de se imaginar. Eu ficaria muito frustrado se descobrisse que sou um Avatar, que o penso não vem da minha mente, este tipo de questionamento Matrix, este sentimento de que o que vivemos não é a realidade única nem a última. Programas com avatares  vêm se aprimorando cada vez mais, realmente, o Second Life nesse sentido é impressionante, literalmente, podendo-se se ter uma Segunda Vida lá, é como se pessoa nascesse novamente, mas, com consciência do próprio nascimento e definir tudo que quer ser nessa nova segunda vida ou segunda chance. A imersão noutra “realidade” para esquecer esta é muito sedutora, principalmente, se a pessoa está procurando uma fuga desta realidade”. Voltando a foto do post, a solução encontrada para não perder o controle remoto, foi acorrentá-lo, eu, particularmente, não concordei, tira o conceito de remoto, outro fato, é que o controle remoto é inocente. Que culpa ele tem da péssima programação da TV aberta, todos os outros controles remotos deveriam protestar contra esta injustiça. 

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